O recente apagão que afetou grandes áreas de Portugal e Espanha, no final de abril de 2025, trouxe à tona um problema ainda pouco discutido, mas de grande importância para a estabilidade energética da região: as ilhas energéticas. Estes pontos, que podem ser considerados como “isolados” dentro das redes de distribuição de energia, demonstraram ser uma das principais razões para a magnitude do apagão ocorrido. A chamada “ilha energética” é uma área onde o fornecimento de eletricidade é desligado das grandes redes interligadas, o que dificulta a gestão e o controlo do fornecimento de energia em momentos de pico ou em situações de falhas sistémicas.
O apagão que afetou Portugal e Espanha gerou grandes impactos económicos e sociais, mas também serviu de alerta para os países da Península Ibérica sobre a necessidade de modernizar e integrar as suas infraestruturas energéticas. Durante o evento, muitas regiões estiveram sem energia durante várias horas, o que afetou desde a indústria à vida quotidiana dos cidadãos. A causa principal, segundo apontam os especialistas, foi a desconexão de várias áreas de ambas as nações das principais redes de distribuição de eletricidade, criando ilhas energéticas que ficaram isoladas e incapazes de restabelecer rapidamente o fornecimento.
Estas ilhas energéticas ocorrem por uma série de razões, incluindo a incapacidade de certos sistemas se ligarem ou comunicarem eficientemente com as redes de maior dimensão. Em situações como esta, o fornecimento de eletricidade a estas áreas isoladas pode ser interrompido sem uma forma imediata de resolução, o que aumenta o risco de apagões. No caso do apagão que ocorreu em abril de 2025, as falhas na comunicação e na gestão das ilhas energéticas, juntamente com a sobrecarga de algumas redes, acabaram por intensificar o problema e torná-lo ainda mais difícil de controlar.
Em muitos casos, as ilhas energéticas formam-se devido à falta de interligações adequadas entre as redes de diferentes países ou regiões. Portugal e Espanha, apesar de estarem relativamente próximos no mapa europeu, possuem infraestruturas energéticas que, por vezes, operam de forma desconectada. Isto significa que, quando existem falhas numa das partes do sistema, as redes locais não têm capacidade suficiente para garantir o fornecimento de energia às zonas afetadas. Este isolamento, característico das ilhas energéticas, torna ainda mais difícil a gestão de crises, como os apagões que ocorrem em situações excecionais.
Além disso, as questões políticas e regulamentares também desempenham um papel fundamental na criação de ilhas energéticas. A falta de coordenação entre diferentes governantes e empresas de energia pode resultar numa infraestrutura energética fragmentada, o que impede que as falhas sejam resolvidas de forma ágil. No caso do apagão que atingiu Portugal e Espanha, a falta de uma abordagem mais unificada entre os dois países em relação à gestão da rede elétrica contribuiu para a gravidade do evento. Sem uma coordenação mais eficiente, as redes energéticas das diferentes áreas continuam vulneráveis e suscetíveis a falhas maiores.
A situação foi também agravada pela sobrecarga do sistema, que não conseguiu lidar com as exigências excessivas de electricidade em algumas zonas de Portugal e Espanha. Esta sobrecarga energética, somada ao isolamento de determinadas regiões em ilhas energéticas, impediu que o sistema de distribuição servisse adequadamente toda a população. Durante o apagão, muitas áreas tiveram de esperar durante horas para que o fornecimento fosse restabelecido, o que gerou um impacto significativo tanto para os cidadãos como para as empresas que dependem de uma fonte de energia constante.
Este evento realça a necessidade urgente de uma reforma na infraestrutura energética da Península Ibérica. Os especialistas salientam que, para evitar novos apagões e reduzir a dependência das ilhas energéticas, Portugal e Espanha precisam de investir em tecnologias que melhorem a comunicação e a interconectividade das redes elétricas. A construção de uma rede energética mais robusta e integrada pode não só prevenir a formação de ilhas energéticas, como também proporcionar uma maior resiliência a crises energéticas, como o apagão de Abril de 2025.
No futuro, é essencial que os países ibéricos colaborem de forma mais eficaz para melhorar as suas infraestruturas energéticas. A criação de soluções mais modernas e eficientes no setor energético pode permitir a Portugal e Espanha enfrentar desafios como a sobrecarga do sistema e o isolamento energético de forma mais eficaz. A integração de fontes de energia renovável e a melhoria das interligações entre as redes dos dois países são também passos importantes para evitar o surgimento de novas ilhas energéticas e garantir que o fornecimento de energia é mais estável e seguro para todos os cidadãos.
Em síntese, o apagão em Portugal e Espanha de 2025 expôs as fragilidades do sistema energético da região e as dificuldades causadas pelas ilhas energéticas. A falta de integração entre as redes de distribuição de electricidade e a sobrecarga do sistema mostraram que é necessário um esforço conjunto para modernizar e reforçar as infra-estruturas energéticas. A partir deste acontecimento, espera-se que os países da Península Ibérica adotem medidas mais eficazes para evitar futuras crises energéticas, garantindo uma rede de distribuição mais conectada, resiliente e eficiente.
Autor: Latos Tyrson