Descubra como identificar abuso de poder nas eleições e combater práticas que comprometem a democracia

Latos Tyrson
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Márcio Coutinho aponta os sinais de abuso de poder nas campanhas e como agir legalmente.

O advogado Márcio Coutinho destaca que, durante o processo eleitoral, é fundamental garantir a igualdade de condições entre os candidatos. Contudo, situações de abuso de poder continuam a ser recorrentes e representam uma ameaça à integridade do sufrágio. Este tipo de conduta ocorre quando candidatos ou grupos utilizam indevidamente a sua influência política, económica ou religiosa para obter vantagens indevidas. A Justiça Eleitoral actua de forma rigorosa nestes casos, aplicando sanções que vão desde coimas até à cassação do mandato.

O que caracteriza o abuso de poder político nas eleições?

O abuso de poder político ocorre quando agentes públicos utilizam a máquina do Estado para beneficiar determinadas candidaturas. Exemplos comuns incluem o uso promocional de programas públicos, distribuição de benefícios sociais em período eleitoral e nomeações estratégicas com fins eleitorais. Estas acções comprometem a igualdade entre os concorrentes e podem influenciar directamente a decisão dos eleitores, tornando a disputa desigual.

A Justiça Eleitoral tem-se posicionado de forma firme contra esta prática. Márcio Coutinho salienta como exemplo emblemático o caso de governadores que foram cassados por utilizarem programas assistenciais e publicidade institucional durante o período proibido. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) considera estas condutas como violações à lisura do processo democrático, podendo resultar na perda do mandato e na inelegibilidade por até oito anos.

Como ocorre o abuso de poder económico durante o sufrágio?

O abuso de poder económico envolve o uso excessivo e desproporcional de recursos financeiros para influenciar o resultado das eleições. Isto inclui, por exemplo, a realização de campanhas milionárias que desequilibram a concorrência, bem como o uso de doações ilegais e financiamento não declarado (caixa dois). A legislação brasileira impõe limites rigorosos aos gastos de campanha precisamente para evitar este tipo de distorção.

Márcio Coutinho
Defesa da democracia: veja com Márcio Coutinho como identificar e combater práticas eleitorais abusivas.

Casos de candidatos que usam recursos próprios ou empresariais acima do permitido para financiar estruturas sofisticadas de campanha têm sido sancionados com cassações. O TSE também tem actuado para coibir práticas como compra de votos e distribuição de brindes, que configuram abuso económico. Márcio Coutinho aponta que as penalizações incluem coimas elevadas, perda do mandato e, em casos mais graves, inelegibilidade do candidato.

De que forma o poder religioso pode ser abusado nas eleições?

O abuso de poder religioso ocorre quando líderes ou instituições religiosas utilizam a sua influência sobre os fiéis para favorecer determinado candidato. A Constituição garante a liberdade religiosa, mas esta não pode ser usada como instrumento de manipulação política. Quando a fé é explorada para coagir ou induzir votos, o processo eleitoral é contaminado por interesses alheios à vontade livre do eleitor.

Decisões recentes do TSE têm deixado claro que a exploração da fé para fins eleitorais é proibida. Em 2022, por exemplo, um candidato teve a sua candidatura impugnada por utilizar cultos e discursos religiosos para angariar votos, configurando abuso de poder. Segundo Márcio Coutinho, a Justiça Eleitoral entende que, embora o discurso religioso esteja protegido, a sua instrumentalização política em campanhas desequilibra a disputa e infringe o princípio da laicidade do Estado.

Justiça Eleitoral e democracia caminham de mãos dadas

Combater o abuso de poder nas eleições é uma missão essencial da Justiça Eleitoral para garantir que todos os candidatos concorram em igualdade de condições. Seja no campo político, económico ou religioso, o uso indevido de influência pode comprometer o resultado das urnas e minar a confiança da população nas instituições democráticas. A aplicação rigorosa da lei e a consciencialização da sociedade são passos fundamentais para fortalecer o processo eleitoral e preservar a soberania popular.

Autor: Latos Tyrson

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