A economia comportamental ajuda a explicar porque tantas pessoas, mesmo bem informadas, continuam a tomar decisões irracionais com o dinheiro. Segundo Kelsem Ricardo Rios Lima, não basta conhecer teorias financeiras se as nossas escolhas continuam a ser guiadas por emoções, atalhos mentais e pressões do ambiente. Em vez de agirmos como agentes perfeitamente racionais, somos influenciados pelo medo, pela euforia, pelo hábito e pela forma como as opções são apresentadas.
Compreender estes mecanismos é o primeiro passo para construir uma relação mais consciente e estratégica com as finanças pessoais. Saiba mais sobre este tema na leitura a seguir:
Economia comportamental e o mito da racionalidade financeira
Durante muito tempo, a teoria económica tradicional partiu da ideia de que as pessoas calculam custos e benefícios de forma fria e objectiva. Perder R$ 100 costuma doer muito mais do que o prazer de ganhar o mesmo valor, o que leva muitos investidores a evitar riscos saudáveis ou a manter investimentos desfavoráveis por receio de “concretizar prejuízos”. De acordo com Kelsem Ricardo Rios Lima, esta aversão à perda está na origem de várias decisões aparentemente ilógicas.
Outro aspecto relevante é a forma como o tempo afecta as nossas escolhas. Em teoria, planear o futuro deveria ter mais peso do que prazeres momentâneos. No entanto, a economia comportamental mostra que tendemos a sobrevalorizar recompensas imediatas e a subestimar benefícios de longo prazo. Assim, adiar contribuições, gastar mais do que o necessário ou recorrer a crédito caro parecem escolhas justificáveis no momento, ainda que prejudiquem a estabilidade financeira.
Atalhos mentais que distorcem as escolhas
Em vez de analisar toda a informação disponível, a nossa mente recorre a atalhos mentais, as chamadas heurísticas, para decidir mais rapidamente. Estes caminhos encurtados podem ser úteis, mas também conduzem a erros previsíveis. Um exemplo é o viés da ancoragem: tendemos a fixar-nos no primeiro número apresentado, como o “preço de referência”, e avaliamos descontos e condições a partir dele. Para Kelsem Ricardo Rios Lima, esta ancoragem explica porque tantas ofertas parecem imperdíveis.

Outro viés comum é o da confirmação, através do qual procuramos informações que reforcem as nossas crenças e ignoramos dados que as contradizem. Investidores que “se apaixonam” por uma acção ou por um sector passam a procurar apenas notícias positivas, negligenciando riscos relevantes. Do mesmo modo, consumidores tendem a justificar compras por impulso com argumentos construídos após a decisão.
Ambiente, emoção e contexto
A economia comportamental demonstra ainda que o ambiente em que tomamos decisões influencia profundamente os comportamentos financeiros. A forma de apresentação das opções, a ordem da informação e até as cores e mensagens utilizadas em aplicações bancárias e de investimento podem estimular ou inibir determinadas atitudes. Em contextos em que o crédito é disponibilizado com poucos cliques e limites elevados, por exemplo, a probabilidade de endividamento impulsivo aumenta.
As emoções, por sua vez, desempenham um papel central na tomada de decisão. O medo em períodos de crise leva muitos investidores a vender activos em momentos desfavoráveis, consolidando perdas. A euforia em ciclos de alta alimenta bolhas especulativas e compras sem uma análise consistente. Tal como refere Kelsem Ricardo Rios Lima, reconhecer a influência emocional não significa demonizar os sentimentos, mas aprender a não decidir nos extremos: nem sob pânico, nem sob entusiasmo excessivo.
Utilizar a economia comportamental para decidir melhor
Em suma, a economia comportamental mostra que as decisões irracionais com o dinheiro não são excepções, mas parte da forma como a mente humana funciona. Vieses cognitivos, atalhos mentais, emoções intensas e ambientes mal concebidos conduzem as pessoas a escolhas que comprometem a poupança, os investimentos e a qualidade de vida. Tal como sublinha Kelsem Ricardo Rios Lima, o objectivo não é eliminar todas as imperfeições, mas sim criar estratégias que reduzam o impacto destes factores nas decisões do dia-a-dia.
Autor: Latos Tyrson